MPS VI (MAROTEAUX-LAMY)

MPS VI (MAROTEAUX-LAMY)


Mucopolissacaridose tipo VI (Maroteaux-Lamy)

 

O que é?

A Mucopolissacaridose tipo VI (MPS VI), também conhecida como Doença de Maroteaux-Lamy, é uma doença genética rara e progressiva causada pela mutação no gene que codifica a enzima arilsulfatase B. Esta enzima é essencial para metabolizar os glicosaminoglicanos (GAGs), que são moléculas complexas, constituídas por cadeias de açúcares e utilizadas com ação de sustentação e ligação na estrutura das células e tecidos e que existem dentro das células. Quando esta enzima não funciona, os GAGs não são degradados e acumulam-se no interior nos lisossomas das células, causando danos em diferentes tecidos e órgãos. Pertencem ao grupo das doenças lisossomais de sobrecarga.

Quem é afetado? 

A MPS VI é uma doença autossómica recessiva, isto é, são necessárias duas mutações no mesmo gene para a pessoa ter a doença. Geralmente cada um dos progenitores é portador de uma mutação e a probabilidade de nascer uma criança com esta doença, nesta família, será de 25% em cada gestação. A nível mundial, a MPS IV tem uma incidência estimada de 1 para 40 mil a 1 para 500 mil nascimentos.

Sintomatologia

A MPS VI tem um fenótipo muito semelhante à MPS I, mas sem atingimento do sistema nervoso central, pelo que a inteligência destes doentes é normal. Como acontece em todas as MPS, a MPS VI pode se apresentar como um largo espectro fenotípico de sintomas. O sistema mais atingido e de forma mais notória é o músculo-esquelético, com baixa estatura, alterações degenerativas das articulações e síndrome do túnel cárpico. Estes doentes podem ainda ter atingimento das válvulas cardíacas, surdez, apneia do sono, opacidade da córnea e hérnias inguinais e umbilicais.

Tratamento 

O tratamento da MPS VI deve ser realizado por uma equipa multidisciplinar num centro de referência, onde é estabelecido um plano de tratamento dirigido e individualizado, quer numa perspetiva sintomática, quer numa atitude de prevenção de complicações e apoio paliativo quando necessário.

A terapia de substituição enzimática com galsufase (Naglazyme®) melhora o prognóstico da doença. Para além das opções farmacológicas, a fisioterapia é essencial para preservar a amplitude de movimento e melhorar a qualidade de vida destes doentes.

Elaborado por:
Dra. Joana Tenente
Interna de Formação Específica de Pediatria
Centro de Referência de Doenças Hereditárias do Metabolismo
Centro Hospitalar Universitário de São João

Referências

Jones, S., & Wijburg, F. A. (2016). Mucopolysaccharidoses, Oligosaccharidoses and Sialic Acid Disorders. Inborn Metabolic Diseases, 577–590. doi:10.1007/978-3-662-49771-5_39

Muenzer J, Wraith JE, Clarke LA, and the International Consensus Panel on the Management and Treatment of Mucopolysaccharidosis I. Mucopolysaccharidosis I: Management and Treatment Guidelines. Pediatrics 2009;123: 19–29. doi:10.1542/peds.2008-0416

Zschocke J, Hoffmann G. Vademecum Metabolicum – Diagnosis and Treatment of Inborn Erros of Metabolism. Schattauer 2014. 3rd edition

Sihoun H. Mucopolysaccharidoses: Clinical features and diagnosis. UpToDate, Porto, Portugal (Acedido em janeiro 2021)

Sihoun H. Mucopolysaccharidoses: Complications. UpToDate, Porto, Portugal (Acedido em janeiro 2021

https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/7095/mucopolysaccharidosis-type-vi